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Todos@web - Prêmio Nacional de Acessibilidade na Web

2ª edição

Leda Spelta

Categoria:

Pessoas/Instituições

URL para avaliação:

Há vários links onde podemos encontrar de forma resumida (e muito resumida mesmo) o papel da Leda na acessibilidade digital:

Descrição do projeto:

"Fundadora e consultora da Digital Acesso, antiga Acesso Digital, empresa de pesquisa, desenvolvimento, capacitacão e consultoria sobre acessibilidade na Web. Psicóloga formada pelo Instituto de Psicologia da UFRJ em 1977. Uma das primeiras pessoas cegas a trabalhar com informática no Rio de Janeiro, em 1974, foi programadora, analista de sistemas, analista de suporte e coordenadora de equipe, em diversas empresas públicas e privadas. Como membro da Comissão Brasileira do Braille, coordenou a elaboração da Grafia Braille para a Informática, unificada para a língua portuguesa. Participa da Comissão de Estudos CE-04/CB-40/ABNT, que elabora proposta de normas técnicas sobre "Acessibilidade para a Inclusão Digital". é membro do Comitê de Ajudas Técnicas.

Trabalha com acessibilidade desde 2001, como moderadora de lista de discussão, instrutora, consultora, autora de artigos e palestrante. Seus principais focos em acessibilidade são a sensibilização e a motivação de empresários e webdesigners, a avaliação de sites, o treinamento e a normatização. Faz parte do GT de Acessibilidade na Web do W3C Brasil"

Essa descrição pode ser vista aqui: http://imasters.com.br/perfil/leda_spelta/ ee http://acessodigital.net/quem_somos.html#leda

Um depoimento muito legal da vida da Leda, por Zilda Ferreira pode ser visto aqui: http://www.acessobrasil.org.br/index.php?itemid=129.

"Nossa consultora Lêda Spelta, uma mulher sem limites

Data: 11-09-2003

Nas comemorações do Mês da Mulher no SESC/RJ, em março de 2003, ela estava entre as “mulheres sem limites”, exemplos de superação de adversidades. Lêda Spelta, deficiente visual, consultora da Acessibilidade Brasil na área de informática, é uma pessoa simpática, inteligente, entusiasmada pelo trabalho e interessada em um bom papo. Nessa entrevista, vamos conhecer mais a seu respeito e saber de que forma ela superou a barreira da cegueira.

Lêda nasceu com resíduo visual baixíssimo, devido a uma retinose pigmentar (no seu caso, a degeneração da retina central). Via tudo embaçado, sem cores, mais ou menos como uma pessoa de visão normal vê um objeto colocado bem de lado, no extremo do campo visual. Para seus pais e avós foi um choque - era a primeira filha e neta. Mas depois que saber, com vários especialistas, da impossibilidade de sua cura, souberam transformar o impacto em ação.

“Tentando suprir a falta da visão”, ela conta, “deram-me a melhor educação que podiam. Meu pai, antes de comprar uma geladeira, comprou uma vitrola, para que eu ouvisse discos de história. Colocavam na minha mão todos os objetos, plantas e animais possíveis.

Eu sabia onde estavam as coisas, me vestia, tomava banho, brincava, corria, caía, desobedecia. Só tinha a noção intelectual da cor, porém sempre me interessei em saber as cores das minhas roupas e dos objetos da casa. Não gostava de ser diferente, mas isso me afetava de modo mais subjetivo que objetivo.”

Valeu a pena

Hoje, a menina que praticamente nasceu cega, tem um longo e importante currículo profissional. Analista de sistemas, é funcionária da Dataprev há 12 anos e atua como o Membro da Comissão Brasileira do Braille responsável pela área de informática.

Na Acessibilidade Brasil, desempenha uma atividade pioneira: avalia o nível de acessibilidade dos sites e ajuda a criar padrões e procedimentos para a construção de sites acessíveis. Além do trabalho na área de informática, Lêda é psicóloga. Dedica-se ao trabalho em Terapia Regressiva e à Terapia Craniossacral.

Casada há 11 anos, cidadã ativa, dona de casa e profissional reconhecida, admite não gostar do trabalho doméstico. Garante, no entanto, que muitas mulheres cegas cozinham, lavam, passam, cuidam dos filhos e sabem fazer muito bem essas coisas. E dá dicas importantes, vindas da própria experiência: “Varrer a casa descalça torna possível sentir a poeira, assim como as rugas dos tecidos podem ser sentidas pelo tato. Manejar o ferro é uma questão de prática. Na cozinha, medimos as quantidades e usamos o tempo, o barulho e o cheiro.”

Acha importante frisar, no entanto, que tudo isso depende da habilidade, da necessidade e dos recursos de cada pessoa: “Atualmente existem muitos aparelhos que podem ajudar um deficiente visual, principalmente se ele tem disponibilidade financeira. Há relógios, calculadoras, agendas e termômetros que falam. Um aparelhinho que indica se a luz está acesa. E podem ser feitas algumas adaptações, como marcar o painel do microondas.”

Informática e deficiência visual

Leda frisa que esta área, que conhece tão bem, tem condições de ajudar à pessoa com deficiência visual. “Além do equipamento básico, ela precisa de um programa chamado leitor de tela, que não só substitui o mouse como identifica os textos existentes na tela e os transmite para um Braille, ou para um sintetizador de voz. Com estes recursos, é possível o uso do computador para o trabalho, o lazer e a informação.

Mas isso não resolve tudo. Se, por exemplo, um botão de enviar ou de cancelar ou de limpar tudo é apresentado como uma imagem, sem nenhum texto explicativo, o programa leitor de tela não tem como interpretar essa imagem e o deficiente visual fica sem saber o que vai acontecer, caso acione aquele botão.”

A luta pela acessibilidade

O trânsito do deficiente visual pelos sites da Web pode ser muito facilitado pela acessibilidade que oferecerem. Nos últimos anos, países como os da Comunidade Européia e os EUA têm conseguido dar alguns passos importantes, em termos de legislação e conscientização das pessoas, na direção da acessibilidade. “No Brasil, porém, ainda precisamos trabalhar muito nesse sentido”, observa a consultora da Acessibilidade Brasil.

Ela continua: “Scanners podem usados para captar, por exemplo, a imagem da página de um livro, que é enviada para um programa chamado OCR, capaz de reconhecer o texto ali contido e disponibilizá-lo em um arquivo acessível. Impressoras Braille, ligadas a computadores, tornam a impressão mais rápida e com melhor qualidade. Os sintetizadores de voz estão se aproximando, cada vez mais, do padrão da voz humana. E existem vários modelos de equipamentos que apresentam, em Braille, o texto que está sendo exibido na tela do computador.”

Leda acrescenta, no entanto, que tudo isso é muito caro e precisa ser constantemente atualizado. Um exemplo? Os displays Braille. “São tão caros no Brasil que é dificílimo conseguir um técnico que saiba fazer sua manutenção.” Ela sonha com o dia em que possamos ter aqui um programa governamental de financiamento de equipamentos e softwares especiais para deficientes visuais. E garante: “Não se trata de utopia, pois em Portugal isso já existe. Além disso, os impostos gerados por uma pessoa economicamente produtiva superariam, de longe, o investimento.” "

Eu entendo a Leda, assim como o Maq, como uma das pioneiras na acessibilidade digital no Brasil. Talvez ela não apareça tanto devido a sua forma suave de agir. Ela não é incisiva como o Maq era. Ela contemporiza.

Como professora foi uma das melhores que tive na área. Tanto no desenho digital quanto no desmistificar o dia a dia de uma pessoa cega. Nunca vou me esquecer da indignação dela pela falta de tato de alguns cegos em usar a bengala. Acho que elegância é um adjetivo que lhe cai como uma luva.

Do vídeo da Acesso digital aos textos escritos (Sete mitos e um equivoco é um excelente exemplo -http://acessodigital.net/art_acessibilidade-web-7-mitos-e-um-equivoco.html), não dá para negar a importancia e a relevância do trabalho da Leda na disseminação e quebra de preconceitos em acessibilidade digital.

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